A cruz é um dos símbolos mais antigos da humanidade, muito antes de ser adotada como símbolo do cristianismo, já figurava na iconografia de diversas civilizações. É um dos quatro símbolos fundamentais, os outros seriam: o centro, o círculo e o quadrado. A cruz interage com os demais e principalmente com o quadrado apresenta vários jogos de relações. É considerada o mais totalizante dos símbolos. Está associada à terra, exprimindo seus aspectos intermediários, dinâmicos e sutis.
Por ser a representação da intercessão de dois eixos, seu simbolismo está na base de toda simbólica relacionada à orientação, nos diversos níveis de existência do homem, sejam com referência aos pontos cardeais, nascer e pôr-do-sol, Sul-Norte ou ao eixo céu-terra.
Para os chineses o número da cruz seria o 5 (cinco), pois sua simbólica não desconsidera o centro como relação necessária ao conjunto. Seu simbolismo traduz uma função de síntese e de medida, nela se confundem o tempo e o espaço, se juntam o céu e a terra, é um símbolo universal do cosmo ligado ao centro original, traduz também uma temática ascensional. Da antiguidade até nossos dias são inúmeras as expressões onde encontramos a cruz como base, seja nos traçados das praças, templos, altares, cidades, pedras, mastros, etc.
Nas tradições cristãs, representa a paixão, salvação, redenção e tem todo o seu simbolismo associado à Jesus, onde encontramos a cruz com um braço transversal que é a mais comum e encontrada no evangelho. Porém também existem outras representações como: a cruz com dois braços transversais que traria no superior a inscrição INRI (Jesus de Nazaré, rei dos judeus) e no inferior estariam os braços de Jesus e a cruz com três braços transversais muito usada nas hierarquias eclesiásticas, correspondendo à tiara papal ou a mitra episcopal. Observamos ainda a cruz da ressurreição que seria adornada de uma bandeirola encimada por uma cruz ao invés de uma ponta de lança, como se o Cristo a brandisse ao sair do sepulcro numa alusão à vitória sobre a morte.
A cruz celta se inscreve num círculo que suas extremidades ultrapassam e apresenta uma esfera ao centro, num conjunto simbólico que envolve a própria cruz, o círculo e o ponto; notam-se também símbolos celtas coincidindo com o simbolismo cristão. Essa divisão quaternária remete aos quatro elementos: água, fogo, terra e ar e suas qualidades: úmido, quente, seco e frio. A mesma forma coincide com a divisão da Irlanda em quatro províncias e uma quinta ao centro, formada por uma parte das quatro outras.
Na Ásia, encontramos o simbolismo da cruz mais fundamentado na questão dos eixos direcionais, o vertical pode representar uma ligação entre hierarquias de graus do ser ou uma atividade relacionada ao céu e o eixo horizontal seria como o desabrochar do ser em um grau determinado ou representar a superfície das águas. Podem ser também os dois solstícios e equinócios ou o encontro desses com o eixo dos pólos.
No Egito encontramos a cruz ansada, que seria um aro redondo ou oval que sustenta uma espécie de Tau e seria um dos atributos da deusa Ísis, simbolizando a vida divina e a eternidade.
Na África Negra a cruz tem um sentido cósmico, representa os pontos cardeais, a totalidade do cosmo, o sol e seu curso. Numa alusão à encruzilhada ela representa os caminhos da vida e da morte, ou seja, o destino dos homens. O eixo vertical da cruz também representa a ligação da terra, morada dos homens com os mundos superiores, morada das divindades, já o eixo horizontal é o que faz a ligação dos gênios bons (do leste) e os maus (do oeste).
De um modo geral a cruz é um símbolo da totalidade do mundo. Os antigos quando representavam o mundo, agrupavam em forma de cruz grega ou de cruz-de-malta os quatro espaços em volta do centro.