Os gregos acreditavam que a noite era filha do caos e mãe do Céu e da Terra, geradora do sono e da morte, dos sonhos e das angústias, da ternura e do engano. Os maias usavam o mesmo glifo para representar a noite, o interior da terra e a morte. Na teologia mística, a noite simbolizaria a privação de toda evidência e de todo suporte psicológico, dissolveria todo o conhecimento analítico, exprimível. Como obscuridade seria um caminho para a purificação do intelecto, enquanto que num simbolismo de vazio e despojamento representaria a purificação da memória, e ainda, aridez e secura aludindo à purificação dos desejos e afetos sensíveis.
Encontramos ainda a noite como simbolismo do tempo das gestações, das germinações e das conspirações que irão desabrochar ao amanhecer do dia como manifestações de vida. É a imagem do inconsciente que se libera através do sono com seus duplo aspecto: as trevas reinantes e preparação da chegada da luz que brotará ao raiar o dia.